CANCIÓN POR LA UNIDADE DE LATINO AMÉRICA. PABLO MILANÊS E CHICO BUARQUE

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As causas e as lutas pela independência hispano-americana

Murilo Benevides de Oliveira
Faculdade de Tecnologia e Ciências EaD 

Capa de José Guadalupe Posada para o 
panfleto "El Grito de Libertad o Viva La 
Independência". Neste panfleto, de 1900,
o padre Miguel Hidalgo, no centro, foi
representado liderando o movimento
popular pela independência do México
Os ideais iluministas que acarretou a Revolução Francesa e consequentemente fomentou a independência dos Estados Unidos da América, teve grande influência nos movimentos emancipacionistas dos povos hispano-americanos. Entretanto, as somas das causas externas com as internas se tornaram às principais responsáveis pelos movimentos que geraram diversas guerras e proporcionaram a independência das colônias espanholas na América.

No século XVIII, a Espanha se encontrava falida devido às guerras que assolavam o território europeu. O rei Carlos IV da Espanha viu-se incapaz de resolver os problemas diplomáticos e, para tentar reverter o quadro econômico, o rei espanhol aumentou os impostos, acrescentou a venda de cargos na burocracia colonial e executou inúmeras hipotecas impopulares. As decisões do rei deram início ao afastamento da metrópole em relação à colônia. Porém foi após o início da guerra contra os ingleses, quando perdeu o poder marítimo, que a Espanha deixou transparecer a sua inutilidade aos colonos americanos.

No início do século XIX, as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram a Espanha, tomaram o poder e aprisionou primeiramente o Rei Carlos IV e posteriormente o seu filho, Fernando. José Bonaparte, irmão de Napoleão, assumiu o trono espanhol. Os fatos ocasionaram uma crise de legitimidade do poderio espanhol em terras americanas.

Enquanto as juntas de governo se posicionavam contra o governo de José e afirmavam agir em nome de Fernando (herdeiro do trono), os colonos radicais passaram a manifestar os princípios revolucionários de soberania popular e passaram a defender a proclamação das repúblicas independentes, seja pela sensação de abandono, devido à ausência do rei, que atingia mesmo os conservadores, bem como a negação de qualquer junta metropolitana, levaram os colonos a refletirem sobre a hora de emancipar.

Os movimentos emancipacionistas foram liderados pela elite crioula (nativos descendentes de espanhóis). A princípio não alcançou grande sucesso devido à falta de apoio das massas populares e, até porque, os próprios crioulos não formavam um grupo homogêneo. Entretanto, com a ascensão dos mestiços nas atividades socioeconômica da colônia, eles passaram a lutar por melhores condições de vida e mais direitos políticos e econômicos, igualando os ideais dos crioulos.

Padre Manoel Hidalgo liderou as primeiras manifestações
a favor da independência no Vice-Reino da Nova Espanha.
Sua retórica, no entanto, colocou os mestiços contra os 
crioulos e suas manifestações foram reprimidas pelo governo
espanhol. Hidalgo morreu fuzilado.
Segregados pela hierarquia social, muitos mestiços tinham pouco ou nada em comum com a elite descendente dos espanhóis. O único elo plausível era o local de nascimento: as terras americanas. E foi justamente o nativismo que constituiu a pedra fundamental para a construção do sentimento de identidade. E mesmo assim, tanto as elites crioulas quanto as castas mestiças desconfiavam uma das outras.

A falta de entendimento entre os nativos acarretou no fracasso das primeiras manifestações de liberdade, na principal região sob domínio espanhol na América (No Vice-Reino da Nova Espanha).

Já nas áreas periféricas, como a Região Platina (Argentina) ou a Venezuela, as desigualdades entre as elites crioulas e as castas mestiças tiveram menos impacto, os únicos obstáculo foram os grupos realistas, que eram fieis a Fernando. Mesmo assim, após anos de luta contra os realistas, os crioulos conseguiram chegar ao poder na Venezuela, primeiro com Francisco Miranda, depois com Simón Bolívar, O Libertador, como ficou conhecido. Porém, as divergências internas, a oposição do clero e dos realistas, que ganharam o apoio dos lleneros (vaqueiros mestiços do interior), fizeram com que os revolucionários ficassem pouco tempo no poder.

O alto de declaração da independência da Venezuela, de Martin Tovar, quadro pintado em 1883. A independência da Venezuela foi um processo longo, marcado por diversos acontecimentos. O quadro mostra o ato ocorrido em 5 de julho de 1811, na sala do Conselho Municipal de Caracas. No entanto, os espanhóis voltariam a conquistar a região. A independência só se efetivaria em 1819.
Em 1814, com o fim das Guerras Napoleônicas, Fernando VII voltou a assumir o poder da Espanha e consequentemente passou a reprimir as rebeliões. Ele também revogou a Constituição liberal de 1812, restaurando o absolutismo. A imposição do rei, entretanto, atingiu tanto os espanhóis como os colonos. Na Espanha, a Revolução Liberal de Cadiz enfraqueceu a autonomia da metrópole sobre a colônia. Na América os patriotas tantos os crioulos como os mestiços passaram a sentir a necessidade de se unirem para atingir um bem comum.

Anos antes, Simón Bolívar havia retornado à luta na Venezuela. Contratou um exército mercenário, bem como conseguiu atrair para o seu lado parte dos llaneros. Entre 1819 e 1821, o Libertador conseguiu libertar Nova Granada e depois a Venezuela: Bogotá, Caracas e Quito.

Simón Bolívar, Libertador e pai da nação, pintura
de José Figueroa, 1819. Expostana Casa Museu

Quinta de Boliívar, Bogota.A pintura foi elaborada 

para celebrar a independência da Nova Granada,

 a república foi representada como um índia.
Neste meio tempo, a Revolução Liberal de Cadiz acabou dividindo e enfraquecendo os grupos de oposição ao movimento emancipatório. Devido às chances de conquistar a liberdade, os patriotas passaram a contar com o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos, que viam na “América Livre” um novo ambiente de investimento financeiro.

Apesar de conquistarem a vitória nos extremos Norte e Sul da América do Sul, os patriotas encontraram resistência na elite crioula de Lima, traumatizada pelas rebeliões indígenas da década de 1780, que manteve-se fiel à Espanha.

Ao sul, José Sam Martin garantiu a independência das Províncias Unidas do Rio da Prata em 1816, depois atravessou os Andes e libertou o Chile. Feita a independência chilena San Martin partiu para o Peru, onde, juntamente com a esquadra corsária de lorde Cochrane, conseguiu bater os realista e ocupar Lima, proclamando a República em 1821.

Entretanto as forças metropolitanas reorganizadas encastelam-se no alto Peru (atual Bolívia). Em julho de 1822 San Martín entra em acordo com Bolívar e retorna para a Região da Prata. Tenente Antônio Jose de Sucre assume o seu lugar e em dezembro de 1924 captura o último vice-rei espanhol na América. Faltava apenas a rendição da guarnição de Callao, ocorrida em janeiro de 1826. Afora Cuba e porto Rico, a América espanhola estava livre.

América espanhola emancipada
A repercussão da Revolta Liberal espanhola fez com que muitos realistas passassem para o lado separatista. O próprio comandante das tropas espanholas, Augustín de Iturbide, aderiu ao movimento e fez-se proclamar imperador do México. Porém, sua indisposição com a Assembleia Constituinte levou-o a abdicação do trono. O México tornou-se República Federativa semelhante aos Estados Unidos em 1923.

O processo de Independência da América espanhola libertou uma imensa região, que devido aos conflitos de interesses tendeu a fragmentação administrativa colonial. O fim das lutas emancipacionistas foi apenas o início de outras lutas, agora entre as oligarquias crioulas das diversas frações recém-libertas. A opressão e exploração, sobre as castas raciais, que antes vinham da metrópole agora se estendia dentro das lideranças da própria América. Porém, essa é uma outra história.

Como ficou dividida a América após a Independência
Grupo de índios, litogravura de Mariano Felipe Paz Soldán, 1863. Exposta na Biblioteca de artes decoratifs, Paris. Depois da independência, os índios perderam posse comunitária das terras e tiveram de se integrar, como trabalhadores assalariados, à economia de mercado.



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